As cenas de agressões praticadas por policiais militares contra uma advogada e a mãe dela, em Santa Catarina, provocam a mobilização de entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que os envolvidos sejam punidos.
O vídeo registrado por uma testemunha mostra a advogada gaúcha Aline Borges da Silva e a mãe dela, Simone Silva Borges, funcionária do Ministério Público do Rio Grande do Sul, sendo agredidas com chutes, tapas, empurrões e choques no estacionamento de um supermercado em Içara, no sul catarinense. Elas visitavam a cidade.
A advogada foi detida na noite de sábado (9) após tentar acompanhar uma ocorrência policial no local. Segundo a Polícia Militar de Santa Catarina, os policiais foram ao estacionamento para atender um caso de injúria envolvendo um cliente e uma funcionária do supermercado.
As imagens que circulam nas redes sociais mostram Aline imobilizada no chão, com o joelho de um policial no pescoço. Depois, ela é colocada no porta-malas de uma viatura e leva um chute de um PM. Ao pedir para os policiais soltarem a filha, Simone leva tapas e empurrões. As duas relataram também que o grupo usou gás de pimenta e arma de choque.
A OAB de Santa Catarina e a subseção de Criciúma acompanham o caso por meio da Comissão Estadual de Prerrogativas e Defesa de Honorários. Segundo a instituição, Aline teve suas prerrogativas de advogada violadas, além de ser agredida no exercício da profissão.
“A Ordem está cobrando a apuração rigorosa dos fatos, com o devido respeito à lei e aos direitos da profissional agredida. Este é mais um triste episódio de violação às nossas prerrogativas”, disse a presidente da OAB em Santa Catarina, Cláudia Prudêncio. A OAB pediu o afastamento dos policiais ao comando da PM.
Um inquérito foi instaurado pelo comando do 29º Batalhão da Polícia Militar, em Içara, para investigar os fatos.
A Associação dos Advogados Criminalistas de Santa Catarina divulgou nota de repúdio ao episódio. “Este ato grave, desmedido e covarde não só fere os direitos humanos, como atenta diretamente contra as prerrogativas da advocacia e contra a dignidade das mulheres”, diz trecho do comunicado.
O Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Rio Grande do Sul também repudiou as agressões e chamou de revoltantes as imagens que mostram as cenas de violência.
“Revelam uma abordagem abusiva e desproporcional por parte de policiais militares”, diz nota do sindicato. “Exigimos uma investigação rigorosa e o imediato afastamento desses policiais das ruas, enquanto os fatos são apurados”.