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Elon Musk transforma X em megafone para discurso de segundo mandato de Trump

Elon Musk transforma X em megafone para discurso de segundo mandato de Trump


Desde que Donald Trump venceu a eleição presidencial, Elon Musk apostou todas as suas fichas na rede social X para promover o governo recém-eleito.

Proprietário do X, Musk fez mais de 400 publicações na plataforma sobre política entre —terça (5) e sexta-feira (8), comemorando a vitória de Trump e discutindo as causas que o presidente eleito deveria adotar em seu governo. As postagens de Musk incluíam uma foto sua com seu filho X Æ A-Xii Musk cercados por Trump e sua família em Mar-a-Lago —a propriedade de Trump em Palm Beach, Flórida— além de outra foto com Trump legendada com a frase “Novus Ordo Seclorum”, uma expressão latina que aparece na nota de dólar e significa “uma nova ordem para as eras”.

Linda Yaccarino, presidente-executiva do X, também se manifestou. Em resposta a uma postagem esta semana sobre o papel da plataforma em impulsionar o debate político, ela escreveu: “Pronta para servir”.

Os comentários mostram como Musk cada vez mais move o X à posição de plataforma de suporte à presidência de Trump. Desde que a eleição foi confirmada na quarta-feira (6), Musk tem usado o X para enaltecer o futuro promissor sob o novo presidente eleito. Além disso, ele incentivou os usuários da rede social a substituir a mídia tradicional e relatar o retorno triunfante de Trump ao cargo, promovendo o site de textos curtos como destino preferencial para a perpetuação do debate conservador.

Isso se soma ao fato de que Musk vem usando o X como uma espécie de aríete há meses para apoiar a campanha de Trump. Musk, que declarou apoio a Trump em julho, participou de uma conversa em áudio de grande alcance com ele no X em agosto. No mesmo mês, Trump começou a usar regularmente sua conta restabelecida na plataforma.

Na terça-feira, Musk realizou uma reunião em áudio no site, incentivando seus mais de 203 milhões de seguidores a votar em Trump. O presidente eleito creditou a Musk, na quarta-feira, por ter ajudado a garantir sua vitória. “Uma estrela nasceu —Elon!” disse Trump em seu discurso de vitória.

Musk “transformou o X na igreja do movimento conservador”, disse Steven Livingston, diretor fundador do Instituto de Dados, Democracia e Política da Universidade George Washington. “Passou de uma esfera pública para um megafone”.

Steven Cheung, porta-voz da campanha de Trump, ecoou as críticas de Elon Musk à mídia, mas não comentou diretamente se a plataforma X influenciou o resultado da eleição.

Musk e o X não responderam aos pedidos de comentários.

A transformação do X por Musk em uma plataforma de viés conservador começou quando ele comprou a empresa de mídia social em outubro de 2022. Em poucas semanas, ele abandonou as diretrizes de moderação de conteúdo do site em nome da liberdade de expressão.

No ano passado, Musk fez com que engenheiros adicionassem uma linha de código para promover sua própria conta, o que rapidamente o tornou a pessoa mais seguida no site. Desde então, o engajamento com suas postagens aumentou exponencialmente, de acordo com as métricas do X, fazendo dele a voz mais alta da plataforma.

Musk também restaurou milhares de contas que haviam sido banidas por disseminar discurso de ódio, incitar violência ou espalhar desinformação sobre a pandemia de Covid. Entre as contas restabelecidas estavam as de Trump e do provocador da extrema-direita Alex Jones.

Musk, que também lidera a Tesla e a SpaceX, inicialmente não era um fã de Trump. Mas, após uma reunião em março, Musk começou a explorar maneiras de apoiar sua campanha e o endossou após uma tentativa de assassinato contra o candidato republicano em julho.

O homem mais rico do mundo deu seu apoio financeiro à campanha de Trump e financiou um super PAC focado em atrair eleitores republicanos. No total, Musk doou quase US$ 120 milhões.

Trump postava principalmente em sua própria plataforma de mídia social, Truth Social, mesmo após a restauração de sua conta no X no final de 2022. Porém, Musk trouxe Trump de volta à plataforma em agosto para uma conversa transmitida ao vivo, durante a qual os dois conversaram por mais de duas horas, frequentemente trocando elogios.

“Você é um personagem interessante”, disse Trump a Musk em determinado momento. Trump também elogiou a Tesla, dizendo que Musk havia criado um produto “incrível”.

O X logo se tornou uma fonte constante de apoio à campanha de Trump. Além das centenas de postagens de Musk exaltando Trump, o X anunciou em maio que hospedaria entrevistas em vídeo com Trump e Robert F. Kennedy Jr., que também estava concorrendo à presidência, embora essas entrevistas nunca tenham se materializado.

O super PAC de Musk também criou um grupo no X para monitorar alegações de fraude eleitoral, com o intuito de potencialmente contestar uma vitória da candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris.

No dia da eleição, usuários de outras plataformas de mídia social populares entre a extrema-direita, como Gab, Parler e Truth Social, estavam recorrendo ao X para notícias sobre a eleição.

“Confie em Elon para nos dizer o que está acontecendo”, postou um usuário no Gab.

Alguns usuários no canal de um grupo de extrema-direita no aplicativo de mensagens Telegram incentivaram uns aos outros na manhã de quarta-feira a parabenizar Trump no X após sua vitória.

“Levem a celebração para o X, mostrem apoio ao nosso homem”, disse um membro do canal. “O X é onde está a festa”, postou outro em resposta.

Desde então, Musk, que Trump disse que pode liderar uma nova comissão de “eficiência governamental”, sugeriu que era necessária uma “grande limpeza” nas agências governamentais que supervisionam a saúde e a resposta à pandemia. Ele também postou que a presidência de Trump ajudaria a SpaceX a alcançar Marte.

Na quinta-feira (7), Musk postou um mapa eleitoral dos Estados Unidos que era quase todo vermelho.

“Dizem que a luz vermelha ajuda você a dormir melhor”, escreveu Musk.

O X tornou-se um lar para a propaganda de Trump, disse Gita Johar, professora da Columbia Business School que estuda comportamento do consumidor.

“Não há dúvida de que será identificado como o X de Trump”, disse ela. “É isso que é agora.”



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