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Opinião - Txai Suruí: Prefeitura de SP usa R$ 530 mi para matar árvores e nascente

Opinião – Txai Suruí: Prefeitura de SP usa R$ 530 mi para matar árvores e nascente



A Prefeitura de São Paulo avançou nesta quarta-feira (6) a obra para a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira, na zona sul da capital, mesmo após o Ministério Público ter recomendado a suspensão imediata das obras. Foram derrubadas árvores do canteiro central, apesar do protesto feito pelos moradores, que foram reprimidos pela GCM. A derrubada das árvores deve continuar nos próximos dias.

A obra, que custa mais de R$ 500 milhões (ISSO MESMO, MAIS DE MEIO BILHÂO DE REAIS), desce pela rua Maurício Klabin e irá destruir uma Área de Preservação Permanente – APP. Essa ação já concretou uma nascente, derrubou mais de 100 árvores, algumas delas centenárias, e vai forçar a gentrificação do bairro e a expulsão de cerca de 200 famílias, que, segundo o Ministério Público, “não sabem ao certo onde irão” nem se serão realocadas.

A prefeitura não conversou diretamente com as comunidades até ontem, quando aconteceu a primeira reunião pública, provocada pelos protestos da população. A expulsão das famílias está prevista para a próxima semana, os tratores já se encontram na frente das casas, assustando os moradores que dedicaram suas vidas para a construção de seus lares, agora ameaçados.

Com base em uma consultoria ambiental, a prefeitura ignora seus próprios documentos e não reconhece a área como sendo de preservação permanente. De acordo com uma lei federal, toda área que fica ao lado de nascentes, rios ou outros cursos de água é considerada área de preservação permanente.

Ao negar que a obra está sendo feita numa área como essa, a prefeitura nega também documentos que ela mesma emitiu no passado em um relatório técnico que destacava “a área é de proteção ambiental, na qual existe um grande vale com nascente”. A própria prefeitura descumpre a lei!

A importância das árvores para ambientes urbanos é inquestionável. Áreas verdes contribuem para um microclima mais agradável, ajudam a absorver gases de efeito estufa e águas da chuva, além de fornecerem condições de sobrevivência para algumas espécies de animais e já foi provado cientificamente que o contato com a natureza faz bem para nossa saúde, incluindo a saúde mental. Ainda mais em uma área carente de espaços verdes como a Vila Mariana, sem falar da importância das nascentes.

Em compensação, a administração de Nunes afirma que irá compensar o corte com o plantio de 266 mudas. No entanto as mudas não estocam gases poluentes, fazem sombra, como as árvores mais antigas ou substituem o bioma anterior. Cuidar é tão importante quanto plantar!

A alegação da prefeitura é que os túneis contribuirão para desafogar o trânsito da região. Mas irão eliminar apenas um semáforo e induzir ainda mais fluxos de carros, pois os ônibus não conseguirão passar pelos túneis, além de destruir uma recente ciclovia. Além disso, há indícios suspeitos nas licitações e, sobretudo, a suspeita de que a obra é, na verdade, um artifício para a retirada forçada das comunidades que hoje ocupam o terreno da prefeitura.

Enquanto isso, a gestão Nunes permanece em silêncio, sem responder à recomendação do Ministério Público ou às preocupações dos moradores locais. Precisamos de obras que respeitem a cidade e seus moradores —chega de racismo ambiental, contratos questionáveis e destruição ambiental!


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