“A imprensa esportiva é uma coisa menor; você vê muito menos preparo, porque as pessoas consideram o esporte uma editoria menos exigente, menos nobre”.
Declaração foi feita dias atrás pelo roteirista e humorista do Porta dos Fundos Antonio Tabet, no podcast ‘Inteligência Ltda’. Tabet é um sujeito polêmico. Tão polêmico que certa vez teve a coragem dar uma invertida em John Saad, presidente da Band, no mesmo dia em que recebeu o Prêmio Band Inspira Rio, promovido pela emissora.
O Porta dos Fundos foi um dos vencedores do prêmio e Tabet, ao subir ao palco, fez críticas contundentes tanto ao então governo de Jair Bolsonaro quanto ao discurso de Saad.
No podcast ‘Inteligência Ltda’, o humorista falou ainda sobre a sua experiência como vice-presidente de comunicação do Flamengo, e revelou que “os bastidores do futebol são muito sujos”. Anotei alguns trechos a seguir:
Armação e corrupção
“Depois da época em que trabalhei na Rádio Globo cobrindo esportes, eu peguei muita ojeriza do futebol, porque eu conheci os bastidores. Foram duas épocas diferentes: na época em que trabalhei na rádio era meados dos anos 90; na época em fui dirigente do Flamengo, foi agora, entre 2016 a 2019. Nos anos 90, você via que tinha armação e corrupção (não posso dizer que se comprava juiz por isso eu não vi), mas eu via por exemplo jornalista (não tô falando que era da rádio que eu trabalhava) que falava bem ou mal de jogador, por grana. Até hoje dizem que em alguns lugares rola isso. Tipo, você é empresário de um jogador que está na reserva, você paga a um cara pra falar mal de um jogador que é titular, pra ver se o teu reserva entra no time”.
A mídia esportiva é menor
“E aí, quando eu saí da rádio, eu falei: ‘não quero mais’. Eu passei uns dois ou três anos sem acompanhar o futebol. Com o tempo, aos poucos eu fui voltando a me interessar. A qualidade da imprensa esportiva é muito menor do que a qualidade da imprensa que cobre política, por exemplo. Você vê muito menos preparo, porque as pessoas consideram o esporte uma editoria menos exigente, menos nobre. Não estou generalizando, evidentemente. Há jornalistas esportivos fabulosos, gente muito séria, muito boa (é a maioria, inclusive), mas tem uns caras que você fala assim: ‘como é que esse cara tá empregado? Como é que esse cara fala uma merda dessa?’ Eu vi muita coisa”
A comunicação do Mengão
“Quando eu virei vice-presidente do Flamengo, a área de comunicação era uma bagunça, uma zona, não tinha nem rede social. O Santos tinha 10 vezes mais inscritos no canal do YouTube do que o Flamengo, porque o clube não olhava pro Faceboock, Instagram, Twitter, nada, nada… O cara da comunicação, que alias é o atual, ele era um cara que dava mais preferência para atender jornalista de rádio e de jornal. Eu falei, ‘gente, pelo amor de Deus!’ . A gente conseguiu revolucionar a comunicação do Flamengo. Montei um ‘dream team’ de comunicação e a gente bombou, a gente ficou com mais audiência do que o Barcelona. Ficamos em terceiro lugar no mundo. Na área do esporte, a gente só perdeu para o Manchester City e o Real Madrid. Passamos todos os times da NBA, foi uma doideira”.
Mexemos num vespeiro
“No Flamengo, nós mexemos em alguns vespeiros, tivemos problemas. Porque tem o cara que faz tal serviço que é do amigo do primo do papagaio do chefe da torcida organizada. Eu ia lá e cortava. ‘Ah, mas vai pegar mal… Foda-se, não quero, não vai ter coisa de favor aqui’. Aí, sabe o que é que acontecia? Vinha jornalista na semana seguinte dizer assim: ‘Jogadores do Flamengo estão incomodados com a presença do Tabet nas preleções…’ Era mentira. Eu nunca tinha ido numa preleção. Os caras não apuram. Teve uma vez que o jornalista disse que tinha um jogador do Flamengo que estava dando ‘migué’ no treino. Depois me diziam que ele (esse jornalista) estava a serviço do empresário do jogador reserva que queria barrar o cara”.
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