Um pó chamado cocaína rosa, composto por um grupo rotativo de drogas, tornou-se uma parte perigosa e cada vez mais popular da cena de baladas nas cidades dos EUA, de acordo com a Drug Enforcement Administration (DEA), o órgão de repressão dos narcóticos e pesquisadores de saúde pública que estudam o uso recreativo de drogas.
A maioria das amostras da mistura contém pelo menos uma droga estimulante e um depressor, disseram os especialistas. Frequentemente, a cocaína rosa inclui cetamina, um anestésico dissociativo com efeitos alucinógenos, e outras drogas, incluindo ecstasy, metanfetamina, opioides e substâncias psicoativas como sais de banho.
“Essa mistura geralmente é muito barata, o que atrai as pessoas a usá-la”, diz Linda Cottler, pesquisadora de saúde pública que estuda o abuso de substâncias na Universidade da Flórida.
O termo “cocaína rosa” é, na verdade, um equívoco, já que o coquetel raramente contém cocaína, disse Joseph Palamar, professor associado da New York University Langone Health que pesquisa drogas de festa.
Na verdade, o nome provavelmente vem do fato de que a droga é vendida em forma de pó e tingida de rosa com corante alimentício.
Também conhecida como tusi, a cocaína rosa originou-se na Colômbia e foi nomeada após o composto sintético 2C-B, um quase-psicodélico que foi sintetizado pela primeira vez pelo pioneiro das drogas Alexander Shulgin, mas os especialistas disseram que raramente contém essa substância também.
“Esses químicos clandestinos —eles tentam criar algo que acham que as pessoas vão gostar”, diz David E. Nichols, farmacologista da Universidade Purdue que estuda alucinógenos. “Deus sabe quais serão os efeitos.”
A droga tem tido uma presença crescente nos EUA. Em setembro, a DEAs disse que a distribuição de cocaína rosa estava aumentando, e que era vendida principalmente online e através das redes sociais. Em uma avaliação nacional das ameaças de drogas este ano, a agência também disse que o Cartel de Sinaloa no México estava fabricando e traficando cada vez mais o coquetel de drogas.
“A cetamina vai destronar o ecstasy muito em breve, e o tusi realmente vai impulsioná-lo”, diz Palamar.
Bridget G. Brennan, a promotora especial de narcóticos na cidade de Nova York, disse que a mistura causa amnésia e tem sido vista em casos de estupro por embriaguez.
“Pode ser misturado com qualquer coisa”, diz Brennan. “Pode colocar as pessoas em um buraco, onde elas se sentem em um espaço vazio, como se estivessem dissociadas do corpo, dissociadas do cérebro, sem saber o que está acontecendo.”
Nos últimos meses, a mistura foi ligada a duas prisões de alto interesse.
Quando o magnata da música Sean Combs, o P. Diddy, foi preso em setembro, a polícia encontrou pó rosa em seu quarto de hotel em Nova York, de acordo com um promotor. Um processo movido por um produtor musical, Rodney Jones Jr., alegando má conduta sexual, disse que a cocaína rosa estava frequentemente presente durante as viagens de Combs.
Maecee Marie Lathers, uma influenciadora do Instagram, disse à polícia que havia consumido cocaína rosa antes de colidir seu carro com outros dois veículos, matando duas pessoas, em Miami em agosto. Lathers enfrenta várias acusações, incluindo duas de homicídio culposo por dirigir sob influência.
Cottler agora considera a cocaína rosa entre as drogas de clube mais perigosas, porque traficantes e usuários raramente sabem o que há em qualquer lote específico.
“Tudo o que você precisa é de um traficante para misturar fentanil em seu lote de tusi”, diz Palamar. “Eles têm a capacidade de envenenar um monte de pessoas.”
Este artigo apareceu originalmente no The New York Times.