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Opinião - Tostão: No futebol, tudo é incerto

Opinião – Tostão: No futebol, tudo é incerto



A estratégia das equipes, com frequência, se confunde com a vontade e a garra dos jogadores, embora as duas situações possam ocorrer ao mesmo tempo.

Na final da Copa Sul-Americana, a estratégia do Racing de pressionar desde o início, recuperar rapidamente a bola e sufocar o Cruzeiro foi eficiente e resultou na marcação dos dois gols. Essa postura incendeia a equipe e o torcedor e inibe o adversário. O Cruzeiro não foi apático, foi anulado. Após os 2 x 0, o Racing diminuiu a pressão para não ter tanto desgaste físico e o Cruzeiro passou a ter a bola, trocar passes e equilibrar o jogo.

É cada vez mais frequente, em todo o mundo, a marcação por pressão em todo campo. Os times argentinos, quando jogam em casa contra os brasileiros, costumam ter essa postura no início das partidas. Assunção é um local neutro, porém mais perto de Buenos Aires do que de Belo Horizonte. Havia muito mais torcedores do Racing.

Existem riscos quando se faz a marcação por pressão. O avanço em bloco deixa muitos espaços nas costas dos defensores. Há também um grande desgaste físico. Se a equipe que pressiona sofre um gol, terá mais dificuldades para reagir.

Botafogo e Atlético-MG fazem sábado (30) a final da Libertadores. São duas equipes que, em casa, costumam tentar sufocar o adversário desde o início. Como a partida é em campo neutro (Buenos Aires), qual será a postura das duas equipes? O Botafogo costuma pressionar na marcação mesmo quando joga fora de casa.

Apesar das boas campanhas neste ano, Botafogo e Atlético-MG estão perto do sucesso e da decepção. O Botafogo corre o risco de perder os títulos do Brasileirão e da Libertadores, enquanto o Galo pode não ganhar a Libertadores depois de perder o titulo da Copa do Brasil, além de não se classificar para a próxima Libertadores via Brasileirão.

O resultado da partida desta terça (26) entre Palmeiras e Botafogo, na disputa pela liderança do Brasileirão, pode influenciar emocionalmente na atuação de sábado contra o Galo.

O técnico do Botafogo, Artur Jorge, geralmente tranquilo, parecia na última entrevista o raivoso Abel Ferreira ao protestar duramente contra as críticas de que o Botafogo passa por desequilíbrio emocional após alguns resultados ruins. O fantasma de 2023 continua presente no inconsciente coletivo. Porém não dá para fazer previsões sobre as reações emocionais dos atletas.

Existe no futebol brasileiro um grande exagero nos elogios e nas críticas aos treinadores, como se eles fossem os grandes responsáveis por tudo o que acontece no jogo. Após os resultados, criam-se inúmeras razões usadas pelos treinadores para explicar o inexplicável.

O Vasco, com um elenco modesto, faz uma boa campanha no ano, pois fugiu do rebaixamento e ainda tem chance de ter uma vaga na Libertadores, além de ter chegado à semifinal da Copa do Brasil. O jovem técnico Rafael Paiva pagou o pato.

O Cruzeiro, um time em formação, será vitorioso se conseguir a vaga na próxima Libertadores, além de ter chegado à final da Copa Sul-Americana.

Nelson Rodrigues dizia que quem ganha e perde os jogos é a alma. Além disso, existem a qualidade individual, as estratégias dos treinadores, o controle emocional e os fatores imprevisíveis. Tudo é incerto.


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